O mistério da bucha

Poucos passam pela Faculdade do Largo São Francisco sem ouvir rumores sobre a Bucha, uma misteriosa e centenária organização à qual teriam pertencido, nos seus tempos de estudante, grandes vultos da política e do pensamento brasileiro.
“A Bucha era – e aparentemente ainda é – uma sociedade secreta. Sempre foi difícil saber com certeza quem pertencia ou não a ela”, explica João Nascimento Franco, autor de uma monografia sobre o fundador da agremiação, um antigo mestre alemão chamado Julio Frank.
Ele teria se inspirado na burschenschaft – significa corporação jovem e surgiu em universidades alemãs -, para fundar a Bucha, em data e circunstâncias ainda obscuras.
O objetivo era reunir os alunos de melhor caráter e levá-Ios a um aprimoramento moral e ao desenvolvimento das idéias liberais nos estudos jurídicos e na política brasileira. “Mas o funcionamento da Bucha é desconhecido”, diz o advogado.
À medida que o tempo passa, porém, a participação de muitos personagens históricos na agremiação vai se revelando, numa lista que inclui nomes como os de Ruy Barbosa e do Barão do Rio Branco.
“Já não há dúvidas de que participaram dela todos os presidentes civis brasileiros até 1930, com exceção de Epitácio Pessoa, embora digam que ele foi da Bucha da Faculdade de Direito de Recife”, afirma Nascimento Franco. E ele próprio, participou da misteriosa associação? A resposta é um sorriso e uma sutil mudança de assunto…