Justiça com as Próprias Mãos

Ao invés de dar uma mesada para seu filho, dê uma mesada seguida de um beijo. Ou compre um presente você mesmo, mas faça isso não só no dia que ele faz aniversário, faça isso quando ele tiver ido mal na escola ou quando algum amigo tenha lhe virado a cara. Ao invés de dar uma pensão, de uma pensão e um exemplo, mostre para o seu filho que a vida é mais que uma nota de uma moeda qualquer, mostre para seu filho que atrás de uma moeda tem trabalho honesto, tem sangue de coragem e tem responsabilidade incorruptível.
Mostre que ser pai é muito mais que um provedor, ser pai é ser um incentivador. Se lhe for possível oferecer os bens mais caros, ofereça, mas não lhe despreze a palavra acolhedora naquela noite fria em que ele estiver com pesadelo, nem lhe furte dos minutos mais espremidos do seu dia para olhar para ele e permitir que ele possa se enxergar nos seus olhos como alguém importante para sua vida, muito menos lhe retire a esperança de poder errar de novo depois que o seu pequeno mundo estiver ruindo por sua falta de experiência, mostre para ele que a vida é uma montanha cheia de tropeços, e que mesmo assim a subida é a razão de tudo.

Se você puder lhe pagar uma escola ou uma faculdade excelente, pague, mas não compre o futuro do seu filho, pague para permitir que ele possa sobreviver num mundo selvagem, onde cada um já nem luta por si, luta contra o outro, pague para lhe oferecer a chance insubstituível de poder encarar o mundo de frente, com consciência e iniciativa, pague mas mostre com clareza que isso é mais do que um pagamento de que isso é um presente, uma oportunidade, uma chance. E não basta pagar, participe, conviva, instrua, colabore, permita, ajude, auxilie, incentive, faça o que lhe for possível para que seu filho encontre, de uma forma independente, por si só, os propósitos de sua própria vida. Seja você o professor, professor da vida, dos enfrentamentos e dos desafios para que seu filho possa, como você, superar cada dificuldade sem perder a fé, o bom humor, a sensibilidade e a esperança.

Aproveite e faça Justiça com as próprias mãos, sim, pegue a mão do seu filho, aperte a mão do seu filho, sinta como naquela mão corre o mesmo sangue quente e vivo que corre pela sua própria mão, sinta que naquela mão bate um coração pulsante e vermelho, repleto de sonhos e desejos, aperte a mão do seu filho para saber que ele é um ser humano, que sente, que sofre, que ama, que luta e que, como você, vai desfrutar de todas as sortes e mazelas de ser humano.

Pegue a mão do seu filho e ponha em cima do seu coração, faça isso por você, faça isso por ele, faça isso pelos Ministros do STJ, faça isso por todos os pais que ainda não fizeram, faça isso por todos nós. E se você fizer tudo isso, aproveite que aprendeu a lição e comece a fazer para seus PAIS, comece a fazer para sua ESPOSA, para seu MARIDO, comece a fazer para SEUS AMIGOS, faça a quem você puder. Daí sim, meu amigo, você viverá a verdadeira Justiça, a Justiça dos Homens de Bem, a Justiça do “Ser Humano”.